Ao menos dez cidades do RN têm bairros e comunidades sob "toque de recolher" decretado pela facção
Bairro Mãe Luiza, na Zona Leste de Natal – Foto: Arquivo
Por Henrique Sá
Em meio a maior crise da Segurança Pública da história Rio Grande do Norte, com uma onda de ataques criminosos que já foram registrados em pelo menos 40 cidades desde o início da última semana, ao menos dez cidades do Estado, têm bairros, comunidades e localidades sobre domínio ou em parte do crime organizado através de "toque de recolher".
Em Natal, vários bairros vinvenciam toque de recolher determinado pela facção criminosa denominada 'Sindicato do RN. O "salve" — gíria usado pelas facções para ordenar ações — partem principalmente de grupos de Whatsapp, e algumas vezes, os próprios moradores são comunicados pessoalmente.
Em Natal, a região mais afetada pelo terror é a Zona Norte, onde os bairros de Nova Natal, Igapó, Lagoa Azul, Redinha e comunidades adjacentes da periferia têm que conviver com o poder paralelo do tráfico.
Os bairros de Felipe Camarão e Nordeste, na Zona Oeste; Passo da Pátria, Rocas, Quintas, Mãe Luiza e Praia do Meio, na Zona Leste; e Vila de Ponta Negra na Zona Sul, convivem com o mesmo drama.
Nessas localidades criminosos avisam aos moradores que eles estão proibidos de circular nas ruas após as 20h — em caso de desrespeito, ameaçam os criminosos, podem ser punidos com violência e terem suas casas incendiadas.
Na Comunidade do Japão, nas Quintas, na zona leste da capital, por meio de grupos de Whatsapp, traficantes anunciam "corretivo" para quem desrespeitar as ordens. O mesmo caso acontece no Passo da Pátria, Mãe Luiza, Nova Natal, Golandim (São Gonçalo do Amarante) e parte da Vila de Ponta Negra.
Em Parnamirim, moradores do Bairro Passagem de Areia, também convivem com a angústia de a qualquer momento sofrer represálias. O Bairro é o mais afetado pelos ataques na cidade, mas outros bairros além de Passagem de Areia, como: Santa Tereza, Monte Castelo, Coab e Comunidade Ponta do Morcego convivem sobre o domínio da facção.
Nas cidades de São Gonçalo do Amarante, Macaíba e Extremoz várias localidades também são reféns. Em São Gonçalo do Amarante: Regomoleiro, Serrinha das Pedreiras, Golandim, Uruaçu e parte do Jardim Lola seguem controlados por criminosos.
Na segunda maior cidade do Estado, Mossoró, áreas dos bairros da Abolição, Barrocas, Alto Sumaré e Belo Horizonte também receberam "salves" de integrantes de grupos criminosos.
Na última terça-feira (21), outras quatro cidades: Goianinha, Canguaretama, Macau e Areia Branca, receberam ameaças terroristas.
No Rio Grande do Norte, desde a última terça-feira (14), já foram registrados mais de 300 ataques criminosos.
A noite da quarta-feira e madrugada desta quinta(23), foi marcada pela violência e ataques em Natal e no interior do Estado. Dois assassinatos ocorreram em um intervalo de duas horas, nos bairros Igapó, zona Norte da cidade e Felipe Camarão, zona Oeste.
No município de Lagoa Nova, distante 209 quilômetros da capital, criminosos atearam fogo em dois veículos, sendo um ônibus e um trator.
Uma subestação da Caern, localizada no bairro Felipe Camarão, foi alvo de um atentado que resultou em danos graves na estrutura do prédio e em um carro que acabou incendiado.
Na manhã de hoje, criminosos também tentaram incendiar um caminhão coletor de lixo na cidade de Caicó, populares conseguiram conter às chamas.
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